domingo, 17 de maio de 2009

Cicuta


“As coisas que amamos e perdemos sempre voltam para nós, mesmo que não seja da forma como esperamos”.

Depois de ler essa frase – não me recordo onde – me peguei novamente devaneando e viajando por milhares de pensamentos desconexos e sem sentido algum.

Num daqueles estados de transe profundo, com o olhar fixo num objeto qualquer e a mente em outro plano astral; numa daquela esferas luminosas onde a matéria não existe.

Em um destes rompantes de incredulidade intelectual e existencial, ao ler as palavras acima citadas, deparei-me com a seguinte questão:

“Será realmente que elas retornam diferentes... ou somos nós que mudamos?”.

Não sei que Entidade superior agrada-se com minhas elucubrações emocionais e racionais mas, essa certeza ninguém me tira: Alguém, num plano superior, diverte-se com o teatro que é minha vida. Porque as vezes, eu rio das ironias do meu destino.

Paranóico e perturbado, imagine como essa frase não me afetou.

E nesta mesma paranóia e perturbação, acrescente dúvida e depressão, após o surgimento da sofisma argumentada acerca da frase.

Não me pergunte a que conclusões cheguei pois, eis que 3 caminhos somente encontrei para obter qualquer resposta: um cálice de cicuta – imitando o pai da filosofia e eterna inspiração – e abandonando essas dúvidas eternamente, e recebendo o tão sonhado descanso eterno; ou ignorar tais pensamentos e permanecer nas trevas da doce ignorância, sem buscar respostas para nada mais que não seja relevante a medíocre sobrevivência humana; ou entregar-me a mórbida solidão do universo, observando admirado a luz do luar e o brilho das estrelas, e secretamente verter lágrimas de dor, enquanto em frente ao micro, digita palavras sem sentido, para ninguém, por ninguém, buscando desprender-se destes sentimentos negativos que assomam a alma e o coração.

Bem... como ainda faltam três linhas para terminar, meu cálice pode esperar um pouco, vou acender a luz e secar esta maldita lágrimas que teima em rolar. E agora, um gole no Licor de Anis, já que não sei onde encontrar a tal da cicuta.

Gabriel Martins


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