quinta-feira, 30 de abril de 2009

Desabafo


As vezes, me vejo pensando no comportamento humano acerca do que seja o Amor hoje. Um pensamento complexo de se compreender, ainda mais nesta Era de mentiras e traições na qual vivemos.

Questiono-me se as pessoas entendem o que é o Amor... se já amaram ou sabem o que significa estar amando.

Vejo casos de juras de amor e, nos bastidores, hipocrisia, mentira, traição, vazio.

Já presenciei trocas de caricias e promessas de uma vida a dois... Já ouvi casais cantando musicas românticas um para o outro, enviando as letras via e-mail ou por recado no orkut, mandando presentes com bilhetinhos amorosos mas, ao piscar do parceiro, entregar-se a luxuria na cama de outro.

Daí vem a duvida... Isso é amor?

Não estou dizendo que não acredito no amor e que ele não exista. Por favor, não me entendam mal. Claro que, de algum modo, existe o amor. Mas de ambos os lados, é raro.

Confesso ser muito jovem para pensar assim mas, veja o mundo em que vivemos e tente compreender minha angustia.

Por que casais com mais de 60 anos, em sua maioria, continuam juntos, mesmo após anos de casamento? Porque os tempos eram outros quando se uniram. A 50 anos atrás existia o chamado romantismo. Flores tinham um significado maior que “quero te levar pra cama”. Um presente no meio da tarde era mais que “vamos para um motel hoje a noite”. Andar de mãos dadas não queria dizer “estou transando com ela/ele”. Sentir saudades, não era do sexo que fazia com a pessoa, mas da presença dela, da companhia, das conversas, do sorriso, do olhar. “Eu te Amo!”, era raro de se dizer mas, quando era dito, sentia-se no olhar e na leveza das palavras, o quanto era verdadeiro.

Podem me chamar de antiquado, eu não ligo.

A tempos atrás, vi um caso em que um rapaz se apaixonava por uma menina que morava a quilômetros dele. Conheceram-se por conveniência do destino e mantiveram contato freqüente. Aparentemente, ela também se apaixonará por ele mas, o fato de ser casada e, do melhor amigo dele ser louco pra “pegar” ela, dificultava mais ainda a situação. Mas juras de amor eram feitas. De ambas as partes. Sonhos de ficarem juntos, troca mutua de carinho, ciúmes de outras pessoas. Tudo que um relacionamento pede. Até seu melhor amigo contar-lhe que, finalmente, iria para um motel com a menina. O mais irônico, após a data marcada da saída dos dois, ele tinha marcado de finalmente se encontrarem. No dia marcado, ela desmarca com ele. O que se passou pela mente desse cara? O quão arrasado ficou seu coração? O que ele fez? Não me pergunte. Veio me contar essa historia tempos depois de ocorrido. Via-se claramente que ele sofreu com tudo. Se arranjou alguém depois dela? Pelo que soube, não se interessou mais por ninguém.

Outra historia curiosa... uma conhecida minha... tinha um namorado... mas se interessou por outro cara... este ficou com ela uma vez e começaram a se interessar mais e mais um pelo outro... como o relacionamento dela não estava bem... ela terminou e... como o outro cara vivia cobrando uma atitude da parte dela... resolveu que ficaria com ele... emendaria um namoro com outro mas, a coisa não funcionou assim. Quando ela disse que estava solteira e pediu ele em namoro... ele começou a rejeita-la. E ela fazia absolutamente tudo por ele: ajudava em casa, conquistou o carinho e respeitos dos filhos dele, estava lá para o que ele precisasse. Ele se importou com isso? Nada. Ainda ficou com outras pessoas. Saia sempre, ficava com outras, um vez teve a cara de pau de ficar com outra na frente de sua casa. E todos onde eles moravam achavam que estavam namorando. Mas mesmo depois deste episodio, ela ainda tentou conquista-lo. Recentemente, tenho noticias dela. Como o meu primeiro amigo, não ficou com mais ninguém tão pouco esta interessada em fazê-lo.

Como acreditar no amor? Como entender o que se passa na mente humana hoje?

Defendo a teoria que todo ser humano nasce mal. E a sociedade vai moldando-o com o decorrer do tempo. Só isso explicaria a degeneração que o mundo vem sofrendo.

Outra coisa que percebo nos dias atuais é que, em quase todos os relacionamentos, raramente há um equilíbrio de interesses, ações e emoções. Uma parte é a dominante e a outra, a subjugada. Quando uma parte quer, a outra cede, mesmo depois de muita discussão, afim de tentar manter a ordem das coisas e evitar conflitos maiores. E se a outra parte tiver uma personalidade muito forte, tenta mudar a pessoa para que ela se torne aquilo que ele quer. E a cedente, muda. Troca o guarda-roupas, gosto musical, linguagem e tudo mais que o outro quiser. Tudo em nome do bom relacionamento com o parceiro. Mas tudo tem limite. E um dia, sem mais nem menos, as coisas desandam por caminho que eles não suportam mais um ao outro e o fim e eminente.

Isso é amor? Que tipo de amor é esse?

Sempre acreditei que o amor fosse algo maior. Independente de tudo. Ama-se a pessoa pelo que ela é e não pelo que voce pode transformá-la.

O amor hoje é superestimado.

Como diz uma amiga minha “O amor não existe. Existe o sexo. Se o cara é bom de cama, ficasse com ele. Se não for, não vale nem a pena”. Isso foi dito por uma mulher. O sexo frágil. As conservadoras do romantismo. Besteira é o que eu digo. Nem as mulheres hoje acreditam mais no amor. Ninguém mais acredita... Só eu! Tolo...

Desisti, a não muito tempo, de me apaixonar. É perda de tempo...

Como poderia confiar em alguém hoje em dia? Se acontecesse comigo o mesmo com aquele meu amigo, não sei o que faria. Sinceramente... pular de uma ponte não é alternativa, por favor. Naquele caso, tudo que eu pude dizer para ele foi: “Voce ficará bem... Não se preocupe. O tempo cura tudo”. Será verdade isso?

Dores de amor são eterna. Para sempre haverá aquela cicatriz no coração. Alguns lembraram do passado com saudades. Dos bons momentos junto com quem amou. Outros, com amargura, no tempo que acredita ter desperdiçado com alguém que acredita nunca ter lhe amado de verdade.

Bom, para mim, o que valem são os tempos felizes. A troca de olhares, os beijos, os carinhos e, agora sim, o sexo.

Novamente, podem me chamar do que quiserem, mas já notaram a diferença entre ir para cama com alguém por quem seu coração sente algo e, ir para cama com outra pessoa qualquer? Tudo acontece tão naturalmente que, parece que a libido e a luxuria não são problema. Sacia-se de verdade. Há o pós sexo. Aquele momento de descanso, em que a parceira deita-se no seu peito, e vocês trocam afagos e juras de amor. E quando um ou outro dorme, passasse horas observando seu jeito de dormir. Horas que parecem segundos, pois logo voce também adormece com um sorriso de satisfação, felicidade e amor nos lábios. Mas quando voce vai para cama com alguém sem importância, é aquela cobrança que voce tem que dar o melhor de si, gozar uma, duas, três, dez vezes. Manter-se em estado de alerta durante toda a noite. Mostrar que voce sabe o que esta fazendo e sem perder o pique. Valem tudo, de ovo de codorna, catuaba, amendoim e pó de guaraná à viagra. Quando acaba, nada de caricias. Vão se embora com um beijo no rosto de despedida e adeus. Ambas as partes saem correndo para contar aos amigos e amigas. “Fulana é isso... faz aquilo... gosta daquilo outro!”... “Sicrano me pegou assim... jogou-me ali... deu tantas”. E quando não é aquilo que se espera, difama-se a pessoa sem escrúpulo algum. Dane-se a reputação da pessoa. O que importa é contar quantos (as) pegou na balada, o que ele (a) fez ou deixou de fazer, como foi e onde foi. Nestes casos, se não acredita em mim, pergunte quando vão se ver de novo. Se a resposta for “não sei”, significa que nunca.

Mas eu acredito no amor... Ainda assim acredito...

É... eu sei... sou um idiota! Mas fazer o que? Um dia, quem sabe, eu não encontro uma idiota, como eu, que acredite no amor e queira vivê-lo de verdade. Sem medos ou desconfianças... Esses sentimentos são para pessoas inseguras. E eles não existirão se houver reciprocidade verdadeira no Amor. E haverá confiança. Haverá aceitação... Não pelo que a pessoa possa ser, mas pelo que ela é de verdade, com defeitos e qualidades, sem querer mudá-los, mas adaptando-se a eles.

Sonhos não serão somente sonhos, pois serão sonhados a dois. Tristezas serão superadas. Mágoas passadas serão somente lembranças.

Mas... até esse dia chegar... a solidão é a melhor companhia dos tolos. Ela os faz pensar. E aguardar mais ansiosamente por alguém por quem valha a pena.

Quanto tempo posso esperar? Sei lá... Dias... meses... anos... décadas... Uma vida... o tempo é irrelevante... pois se for ficar preso a ele... o que se fará? Nada a não ser martirizar-se.

É por isso que escrevo... desprendendo-me dos turbilhões de sensações, emoções e pensamentos que teimam em invadir-me a mente. Assim, quem sabe, agüento mais um pouco.

E até o dia almejado chegar... ironicamente... escreverei muito ainda.

Mas... como diz uma canção...

“Quem eu sou, para querer entender, o Amor?!”


Gabriel Martins

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